O japonês reconhece que demorou a adaptar-se, mas sente-se agora em pleno, no primeiro lugar da Liga. Reação do FC Porto à pandemia Covid-19 é um orgulho.
A primeira época de Nakajima no FC Porto tem sido uma montanha russa. Começou por ser aposta, perdeu o lugar e teve de lutar para se tornar influente. Quando o conseguiu, lesionou-se. Entretanto recuperou e ajudou na cavalgada da equipa rumo ao primeiro lugar. Na melhor fase, a Liga parou por causa de um problema de saúde pública. Este é o balanço que se impõe.
Como tem vivido estes últimos dias, sem poder sair de casa?
-Está a ser muito difícil. Nunca passámos por uma situação destas, nem em Portugal, nem no Japão ou no Catar [jogou seis meses no Al Duhail]. O facto de ter uma filha bebé deixa-me ainda mais apreensivo. Mas creio que é natural todos estarmos com receio, porque este é um inimigo invisível.
A temporada foi suspensa com o FC Porto na liderança e com o Nakajima a ter uma importância crescente na equipa… Que balanço faz da temporada até ao momento?
-É verdade que a época do FC Porto não começou tão bem como eu e todos imaginávamos e sinto que, pessoalmente, demorei um pouco a adaptar-me a esta nova realidade. Aprendi muito desde o início da temporada. No momento [em janeiro] em que estava a ter um ascendente de forma e a ajudar mais, lesionei-me. Atualmente, já depois da recuperação, sinto que voltava a atravessar uma fase boa, juntamente com a equipa, mas aconteceu este problema de saúde no mundo e tudo teve de parar. Também por isso fiquei obviamente triste com esta paragem, até porque tínhamos alcançado o primeiro lugar, que é a nossa posição natural. Por outro lado, fiquei a conhecer o clube ainda melhor e deixa-me muito orgulhoso ter escolhido estar num clube que sabe muito bem gerir situações como esta [Covid-19] desde os primeiros sinais de alerta.
Sente-se mais adaptado a uma realidade diferente? O FC Porto e o Portimonense têm grandezas diferentes, a exigência será outra…
-O FC Porto é uma equipa que vem de encontro à minha postura. Eu fui sempre assim, joguei sempre para ganhar em qualquer clube por onde passei, no Japão, no Catar e no Portimonense. Independentemente do clube que represente, ou dos seus objetivos, eu só consigo entrar em campo para ganhar, e no FC Porto, felizmente, isso acontece muitas vezes, porque é um clube ganhador e que luta para conquistar títulos.
O FC Porto esteve a sete pontos do Benfica, mas agora é líder. Como explica essa reviravolta rápida no campeonato e onde esteve o segredo?
-Senti, desde o início, que este grupo é uma verdadeira família. Em qualquer situação, contei sempre com a ajuda de todos, treinador, restante equipa técnica, departamento de saúde e os meus colegas, que formam um coletivo muito forte. Por tudo isto, não fico surpreendido pela recuperação no campeonato. O compromisso, a certa altura, era o de que juntos e com muita crença iríamos chegar ao topo. Por isso, a mim não me surpreendeu lá chegar, porque conheço e sinto a força do grupo.
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