Marchesín queria ser avançado como Batistuta, mas foi “tapar um buraco” entre os postes e não voltou a sair de lá.
Marchesín podia ter sido um “matador”, mas acabou a ser o terror para os avançados. O próprio conta-nos como foi parar às balizas quando ainda era miúdo e jogava na equipa da terra. Depois, percorre a história da carreira.
Como é que um filho de um médico (obstetra/ginecologista) se torna num jogador de seleção argentina? Qual foi o caminho que percorreu até chegar ao FC Porto?
-Os meus pais sempre me apoiaram nas decisões que tomei, fosse para seguir os estudos ou para ser jogador. E, sem dúvida, se não tivesse sido futebolista teria adorado ter a mesma profissão do meu pai. Ele é um exemplo de força, de luta e de sacrifício e isso faz como que ame o que faço da mesma forma como ele demonstrava o seu amor pelo que fazia. Para chegar ao FC Porto foi um caminho longo, com muitas coisas lindas vividas pelo caminho. Foram muitos sonhos cumpridos porque joguei em grandes equipas. Tive a possibilidade de chegar a uma instituição como o FC Porto o que, como para qualquer jogador sul-americano, é um passo enorme na carreira.
Quando era pequeno queria ser avançado, como quase todas as crianças, e era fã de Batistuta. Como chegou essa adoração pelo antigo avançado? E quando e como foi parar à baliza?
-O Batistuta é um jogador muito querido na Argentina e foi o jogador que mais admirei na minha juventude. Estava sempre a vê-lo, a observar os seus movimentos. Quando eu era criança, todos queriam ser como ele. Um craque da seleção argentina, teve momentos extraordinários lá, mas também no futebol europeu, com grandes conquistas. Era muito carismático e gostava dele como jogador. Queria ser como ele, queria ser um número 9. Venho de uma povoação muito pequena, com poucos habitantes. Fui para a baliza porque o guarda-redes da minha zona faltou, faltavam sempre jogadores, o treinador gostou do que fiz e acabei por ser guarda-redes simplesmente devido a isso.
O sonho de quase todos os sul-americanos é jogar na Europa. Quando assinou pelo FC Porto, com 31 anos, já tinha desistido dessa ideia?
-De facto, para muitos jogadores sul-americanos a ideia de vir para a Europa é uma oportunidade muito boa. Sinceramente, não estava desesperado com isso porque sentia-me muito bem onde estava, no América. Era muito querido pelos adeptos. Respeito sempre os clubes onde estou, criei um vínculo grande com as pessoas de lá. Procurei crescer todos os dias, ganhar experiência. Vir para o FC Porto era um desafio muito grande na minha carreira. Não pensava se a oportunidade ia chegar ou não. Na verdade, já tinham surgido oportunidades antes e por uma ou outra razão desisti, fosse pelo momento ou por estar bem no Lanús, quando ainda era jovem. No fundo, nunca coloquei pressão em cima de mim sobre o que poderia acontecer. Chegou esta oportunidade, vi com bons olhos a proposta de vir para uma clube como o FC Porto, um clube que é muito conhecido na América do Sul e a nível internacional e onde se ambiciona chegar.
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