Como profissional de futebol a autoexclusão foi estranha. Os colegas e a equipa técnica sentiram que ele ficou em falta?
Um dos princípios básicos de qualquer clube é haver esse compromisso. O Nakajima vem de uma cultura totalmente diferente. Houve um problema depois de ele sair da- qui e, a partir desse momento, já não posso fazer nada porque deixa de fazer parte do meu trabalho. Foi uma situação que a SAD teve de resolver com o jogador. Depois disso, achei que foi muito mau para o grupo de trabalho e ele teve de resolver com o grupo. A seguir, entrei eu para decidir o que fazer. Ele sentiu que não esteve bem. Foi um momento difícil para todo o mundo e continua a ser, porque isto ainda não acabou.
Mas os colegas treinaram no Olival e jogaram e ele ficou em casa…
Por isso é que não foi fácil para ele. Sofreu um bocado porque, no momento em que se sentia psicologicamente apto, teve de sofrer a consequência do seu gesto. Isso é normal. E só está aqui porque temos um grupo de trabalho fantástico. Os colegas fizeram muita força para que o Nakajima voltasse.
E agora está no mesmo patamar dos outros?
A partir do momento que entra aqui e treina está no mesmo patamar, mas tem é de treinar como os outros, se não, deixa de estar no mesmo patamar. O Nakajima tem uma forma de estar que as pessoas não conhecem. Vêm o Nakajima tecnicamente apetecível, mas o futebol não é só isso. É preciso esse compromisso, o trabalho dentro do campo. O Nakajima não tem de fazer o mesmo que o Pepe ou o Mbemba. Se ele fizer o seu trabalho, dentro da equipa, emprestando a sua qualidade técnica, muito bem. Se não o faz, desce de patamar em relação aos que jogam habitualmente, que são os que me dão mais garantias. Se gosto de ver o Nakajima? Se estiver numa tarde com os amigos, se calhar é o jogador mais brilhante, não tenho dúvidas. É pequenino, é engraçado, vira-se bem, gira… Hoje em dia, toda a gente fala de futebol e acha que percebe de futebol, mas o problema é o que dizem e passam para as pessoas. É inacreditável, e acontece cada vez mais. Há muito pouca qualidade nos nossos comentadores.
Mesmo nos que foram jogadores?
Mesmo. Conheço muitos ex-jogadores e que têm dificuldade em ver o jogo. Veem à sua maneira, têm a sua ideia, mas há coisas ditas que são absurdas e cada vez menos qualidade em quem comenta futebol, não aquilo que gravita à volta do futebol. Aí já são ases, fantásticos.
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