Toni Martinez, um dos reforços do FC Porto para a nova temporada, abordou o passado enquanto futebolista numa longa entrevista ao jornal espanhol AS, nomeadamente a passagem pelo futebol espanhol e inglês
Avaliação de Nehuén, antigo jogador do Famalicão: “É muito bom e vai ser muito melhor. É jovem e tem uma margem de progressão enorme. Vai ser muito importante este ano para o Granada. Não tenho nenhuma dúvida de que vai estar muito bem. É muito trabalhador, não fala muito e respeita sempre os colegas e adversários. No campo, é agressivo sem bola e muito bom com ela. Não faltará muito tempo para ser um dos melhores cinco defesas centrais do Mundo.
Referência: “O meu ídolo é o Fernando Torres [antigo avançado internacional espanhol]. Há outros avançados que também gosto, mas o meu ídolo é o Torres.
Equipa favorita na infância: O Real Murcia. Eu ia a Condomina todas as semanas. O que se passou com o clube nos últimos anos é muito triste, mas serviu para perceber a dimensão dos seus adeptos. Continuam a ir ao estádio mesmo com a equipa na Segunda Divisão B. Está à vista que o Murcia continua um clube enorme.
Aprendizagem com Jaime Mata no Valladolid: “Era muito jovem quando fui cedido ao Valladolid, mas sabia ao que ia. Sabia que, quando cheguei, no Natal, o avançado da equipa era o Jaime Mata, que já tinha 20 golos marcados. Aprendi muito com ele nesses seis meses. Tudo foi postivo. Tanto dentro como fora do campo. Foi um empréstimo que acabou em ascensão. Por isso, só tenho grandes recordações de Valladolid.
Diferenças entre Toni Martinez que saiu do Valência e aquele que chega ao FC Porto: “Profissionalmente, sou um pessoa totalmente distinta. Saí de Murcia sem pensar no que ia conseguir. Olho para trás e reparo que, da minha primeira equipa no Valência, apenas há jogadores na elite. O futebol tem uma peneira cada vez mais pequena e pela qual passam poucos. Levou-me a viver situações diferentes: cerrar os dentes para jogar, não ser tão importante dentro da equipa, ter que mudar de país… mas pessoalmente, continuo a ser o mesmo. Gosto de estar rodeado pelos meus, tenho família perto e apoio-me neles. Este triunfo também é da minha família, dos meus amigos, da minha namorada.
Onde estaria se não tivesse deixado o Valência: “Não sei onde estaria se o Valência me tivesse retido, mas não mudaria nenhuma das decisões que tomei porque me levaram aonde estou hoje, que é onde quero estar. Sentia-me valorizado na cantera do Valência e quando surgiu a oportunidade de ir para o West Ham disseram, num primeiro momento, que não. Mas quando chegou a oferta de três milhões de euros mudaram de opinião porque poucos podem dar essa quantidade de dinheiro por um juvenil.
Passagem pelo West Ham: “Foi frustrante. Sendo realista, creio que não há pessoa no mundo que possa entender o que se passou. Como é que se explica a um rapaz que marca 43 golos em 40 jogos na equipa secundária que não vai ter uma oportunidade de jogar na equipa principal? A situação do clube teve muita influência. Chegaram novos donos e fizeram grandes contratações. No meu primeiro ano chegou Arnautovic, no segundo ano chegou Yarmolenko e Javier Hernandéz. São jogadores de grande nível que obrigaram a um grande esforço económico. E eu não tinha lugar. É uma das razões pelas quais pedi para sair emprestado.
Empréstimo ao Oxford United: “O campeonato de reservas é algo que Inglaterra devia mudar. Eu não queria ser emprestado quando cheguei ao West Ham. Queria habituar-me à cidade, ao idioma. chegou o Natal e já tinha jogado 12 partidas nos sub-23. Marquei dez golos, mas não tinha lugar na primeira equipa e tomei a opção de sair cedido. Pressionei o clube porque queria desfrutar do futebol profissional. Houve a opção de ir para o Oxford United. Estreei-me contra o Newcastle de Rafa Benitez na Taça de Inglaterra. Marquei e eliminamo-os. Também marquei contra o Middlesbrough de Karanka. Foi uma experiência curta e intensa. Hoje em dia, ainda recebo mensagens dos adeptos do Oxford. Criou-se um vínculo muito especial.
Mudança como futebolista em Inglaterra: “Sem dúvida. A passagem por Inglaterra fez melhorar-me como futebolista. Nos primeiros treinos com o Wet Ham pensava: “aqui eles picam-se”. Mas quando acabavam os treinos, todos falavam normal. Demorei um pouco para entender, mas fiquei convertido num jogador diferenciado, melhor. O futebol inglês é o que mais marca um futebolista. É o mais diferente de todos aqueles que estamos habituados na Europa.
Fonte: O Jogo