Sérgio Conceição foi o convidado de Fátima Campos Ferreira no programa “primeira pessoa”, da RTP. A morte dos pais, a infância e outros momentos marcantes contados pelo treinador do FC Porto.
Infância: “Gostava de brincar com os outros miúdos, mas sentia a responsabilidade de ajudar os meus pais com 12 ou 13 anos. Assentei cimento com o meu pai nas férias, fazia a feira de Condeixa com o meu primo. Foi um período em que me desinibi, porque era um miúdo tímido.”
Morte do pai: “Lembro-me de chegar muito feliz a casa e o dia seguinte ao meu primeiro contrato com o FC Porto foi marcante, porque perdi o meu pai. São momentos muitos marcantes. Foram chamar-me ao café da aldeia, disseram-me que tinha tido um acidente e que estava mal. Essa foi a maior dificuldade, perder uma pessoa que amo muito.”
Morte da mãe: “Dois anos depois perdi a minha mãe e estive quase a deixar o futebol. Desistir. A minha mãe teve muitos problemas durante a sua vida, principalmente agudizados com a morte de um irmão meu com 11 anos. Não só pela dificuldade da vida no sentido financeiro, mas também pela perda de um filho. Foi muito marcante. Estes momentos foram muito marcantes na definição do meu caráter”.
Sentimento pelos pais: “Acho que os meus pais estão felizes comigo. Não tem nada a ver com mediatismo e a conquista de títulos. É pelo amor que tenho por eles, por todos os dias lhes agradecer o esforço que fizeram por mim e pelos meus irmãos. Ainda não consegui a tranquilidade. Luto para a conseguir. É uma frustração ver que os meus pais não estão presentes. Talvez conseguisse eliminar este lado negro se estivesse um dia, uma hora um minuto com eles.”
A roda: “A roda é algo sentimental. Um de nós teve uma prestação menos positiva, ou alguém que teve um dia como eu tive com a Alemanha (três golos no Europeu de 2000), é importante. São momentos de partilha e outros de silêncio.”
Recado para dentro na última final da Taça da Liga: “Os adeptos fazem parte do clube e são muito importantes na vida. E falamos de adeptos exigentes e apaixonados. Foi um discurso para dentro, para a estrutura, para que as portas se juntassem e remassem todos para o mesmo lado. Inibidos no clube? Por vezes de forma inconsciente. Eu digo o que for necessário para se ganhar.”
Seleção: “Não me vejo a treinar a Seleção para já. Está bem servida com um grande amigo, o Fernando Santos.”
Fonte: OJogo