Jogador vai-se mostrando já focado no Al Hilal e contraria regra do técnico que Marcano, Brahimi e Herrera sempre respeitaram. FC Porto ainda tem objetivos e falta de foco não é vista com bons olhos.
Marega não deve voltar a jogar pelo FC Porto. Apesar de, na segunda-feira, ter ido para o banco de suplentes e, esta quarta-feira, se apresentar no Olival para o regresso ao trabalho, o maliano muito dificilmente volta a ser opção. Na prática, só se o plantel estiver mesmo em dificuldades e não sobrarem alternativas é que Sérgio Conceição equaciona utilizá-lo. E isto porque Marega furou a regra principal que o treinador fixou para o plantel, já lá vão quase quatro anos: o mercado fica à porta do Olival. A isto acresce o facto de o campeonato não estar ainda terminado e de o FC Porto se manter com objetivos importantes, desde logo garantir o segundo lugar e os quase 40 milhões de euros que isso vale.
Por mais que Marega o possa negar, o momento da oficialização da saída para o Al Hilal – na véspera da receção ao Farense – e as várias manifestações públicas nesse sentido, especialmente na terça-feira, revelam que o avançado já está com boa parte do seu pensamento na Arábia Saudita. E isso não terá agradado nada a Sérgio Conceição. O treinador valoriza imenso o compromisso e o foco e entende que, nesta fase, qualquer um dos outros três avançados – Taremi, Toni Martínez e Evanilson – poderá, a esse nível, dar melhor resposta. Aliás, o rendimento dos dois primeiros no jogo com o Farense é sintomático…
Na terça-feira, Marega partilhou o vídeo que o Al Hilal usou, no domingo, para oficializar a sua contratação em que o próprio é ator principal. “Em 1991 [ano de nascimento] chorei pela primeira vez. Em 1991, o Al Hilal foi campeão pela primeira vez. […] No ano em que o Al Hilal fez o triplete, eu fiz o triplete em Portugal. Duas histórias se unirão”, resumiu, enunciando ainda os lema do novo clube e as palavras de ordem, o que reforça o tal compromisso que, nesta fase, devia ser exclusivo com o FC Porto, clube com o qual tem contrato até junho.
“Estou muito orgulhoso por me juntar ao Al Hilal, obrigado pela vossa confiança em mim. Vamos escrever história juntos”, escreveu ainda no Instagram, numa das duas publicações do dia, a que lhe somou mais umas quantas histórias. A última publicação (histórias à parte) nesta rede social havia sido em dezembro, quando o FC Porto venceu a Supertaça.
Sérgio Conceição entende que este não seria o momento de Marega se “desligar” do FC Porto, até porque os exemplos recentes – Marcano, Herrera e Brahimi – souberam sempre respeitar os dragões até ao último dia de competição, pelo menos de forma pública. Também por isso nunca os deixou cair, sempre os elogiou e vincou que nunca deixou de sentir de cada um o mesmo foco que os restantes colegas mantinham. Outro exemplo, mas numa perspetiva diferente: Pepê é jogador do FC Porto desde fevereiro e nunca falou nessa condição nem se manifestou de forma pública a não ser muito timidamente no dia em que assinou. Aliás, só o fará a partir de 5 de junho, altura em que deixa o Grémio de vez.
O que tem sucedido com Marega ao longo dos últimos dias deixa várias dúvidas ao treinador, que só na quinta-feira o encontrará em treino pela primeira vez depois do sucedido. Mas a ideia é que sejam os outros avançados a jogar. Marega não deve ter mesmo direito a dizer adeus no relvado, o que nesta fase, também, não é muito relevante, porque não há público nas bancadas e os adeptos portistas, a julgar pelas redes sociais, não gostaram nada do momento escolhido pelo jogador para oficializar a saída.
Ojogo