Avizinha-se uma sucessão no Dragão.
A influência de Matheus Uribe na equipa do FC Porto é inquestionável. É o quinto com mais minutos e o sétimo com mais jogos disputados, para além de oferecer todo um conjunto de aspetos «invisíveis» ao sistema de Conceição, que tira o melhor do colombiano.
Na última segunda-feira soaram os alarmes no Dragão quando o médio foi substituído aos 55 minutos do jogo frente ao Santa Clara devido a um problema físico. As más notícias chegaram dois dias depois com a confirmação de uma rotura muscular que o afasta das opções por tempo prolongado. O timing não podia ser pior para o treinador, que se vê privado de um imprescindível na fase das decisões da época. Entre visitas a Vitória SC, SC Braga e Benfica, Uribe pode também falhar a segunda mão da meia final da Taça de Portugal frente ao Sporting. Perante a baixa, surge a pergunta: quem é o legítimo sucessor do colombiano? Na teoria surgem dois candidatos à cabeça.
Marko Grujić


A escolha natural. O sérvio cumpre a segunda época no Dragão e é opção recorrente a partir do banco, sobretudo quando a equipa precisa de segurança no miolo. De características mais defensivas, oferece recuperação de bola, pressão, duelos ganhos (principalmente pelo ar, onde é muito forte) e uma presença bem sentida no centro do terreno, um pouco como faz Uribe. Esta época teve, em Milão, a melhor exibição da temporada precisamente devido a uma lesão de Matheus Uribe. Depois voltou a ver o tempo de utilização reduzido aquando do regresso do colombiano, mas deixou boas indicações com a confiança depositada por Sérgio Conceição na sua titularidade. No total, leva 1025 minutos disputados distribuídos por cinco competições. É no capítulo ofensivo que se notam as principais diferenças entre os dois. Grujic não é um médio de chegada à área, que aparece em zonas de finalização, ainda que o possa fazer em situações muito específicas. No fundo, não tem tanto «golo» como o colega que necessita agora de substituir.
Stephen Eustáquio


Reforço de inverno e, por isso mesmo, um passo atrás de Grujic no que toca ao entrosamento com as rotinas da equipa. Qualidade não lhe falta, como mostrou ao serviço do Paços de Ferreira ou até em representação da Seleção canadiana, onde foi destaque ao longo da campanha de sucesso rumo ao Campeonato do Mundo. Para o médio, a questão é mesmo relacionada com a escassez de minutos no Dragão. Se na Capital do Móvel era dono e senhor de um lugar no miolo, quiçá até a figura da equipa, no FC Porto encontrou a concorrência de Uribe, que dá tudo o que o treinador precisa. Ainda assim, há semelhanças no jogo de ambos. Sem usar a força, tem a capacidade de ser disruptivo com recurso à inteligência em campo através do posicionamento que permite recuperar um grande número de bola. Na qualidade de passe tem um fator diferenciador, que pode colocar Conceição a ponderar o momento de jogo que privilegia. Desde a chegada leva seis partidas disputadas, duas como titular, num total de 111 minutos. Francamente pouco para um jogador da sua qualidade, mas uma realidade num clube com a exigência dos portistas.
Um parceiro para Vitinha
Que Vitinha é outro dos indiscutíveis já não há dúvidas. O jovem médio ganhou preponderância com o passar da temporada e evoluiu até tornar-se num dos mais influentes da equipa. Pois agora resta saber quem será o seu companheiro na dupla do meio campo portista. A fase de decisões que aí vem conta com jogos de grau de dificuldade elevada como as mencionadas visitas a Vitória SC, SC Braga ou Benfica, mas nem tudo o que resta jogar tem os riscos que estes duelos têm. E poderá ser por aí que Conceição tomará uma decisão. Em jogos de grau elevado, contra adversários de maior qualidade ofensiva, poderá ser preciso um elemento mais focado nas tarefas defensivas, enquanto outros casos poderão ser colmatados com um facilitador no meio, capaz de criar perigo com passes criteriosos. Uma coisa é certa: quem tiver a tarefa de substituir Uribe terá pela frente um enorme desafio.
Fonte: Zerozero