João Manuel Pinto está convicto do título do FC Porto.
O FC Porto ambiciona “festejar rapidamente” o 30.º título em plena Luz, no clássico com o Benfica, no sábado, da 33.ª jornada da I Liga, antecipa o ex-futebolista João Manuel Pinto, descrente num deslize azul e branco.
“Isso seria impensável e uma catástrofe. Acredito que, se não for neste jogo, o FC Porto certamente será campeão nacional no outro [ante o Estoril Praia]. São dois rivais muito competentes e fortes, com objetivos diferentes neste momento, embora fossem iguais no início da época. Agora, não acredito que o FC Porto perca seis pontos em dois jogos”, observou à agência Lusa o ex-defesa de dragões (1995/2001) e águias (2001/2003).
O Benfica, terceiro, com 71 pontos, recebe o FC Porto, líder isolado, com 85, no sábado, às 18:00, no Estádio da Luz, em Lisboa, em jogo com arbitragem de Luís Godinho, da associação de Évora, bastando um ponto aos dragões para destronarem o Sporting.
“Conhecendo a equipa, a casa, os jogadores do FC Porto e o Sérgio Conceição, jamais esse deslize aconteceria. Caso contrário, iria ser uma época ainda muito mais falhada do que a do Benfica, que teve muitos casos que não deveriam ter acontecido numa equipa destas. Isso mexe com o balneário, mói e não é fácil. Depois, os resultados também não surgem. Os responsáveis do clube têm de pensar bem o que correu bem e mal”, notou.
Admitindo que os encarnados têm “mais um jogo apenas para cumprir calendário”, João Manuel Pinto espera que “estejam ao seu melhor nível” para superarem um opositor que até pode gerir dois resultados, mas “vai entrar na Luz com a missão de querer ganhar”.
“O Benfica vai ter de fazer aquilo que fez em certos momentos ao longo do campeonato, uma vez que foi muito instável. Vai defrontar um FC Porto que tem sido muito estável, forte e competente, mas tem de dar uma vitória ao seu público. Não quer deixar de forma alguma que o rival festeje no seu campo, tal como já aconteceu no passado”, advertiu.
Se alcançarem a 100.ª vitória no 250.º clássico com o Benfica, os portuenses vão sagrar-se campeões nacionais pela terceira vez na casa dos lisboetas, depois de 1939/40 e 2010/11, sendo, para o ex-defesa internacional português, “uns justos vencedores” em 2021/22.
“Costumo dizer que a melhor equipa é normalmente aquela que vai no primeiro lugar. O FC Porto está no topo com todo o mérito. À imagem do Sporting na época passada, foi a equipa mais competente e organizada. Neste momento, o FC Porto tem o futebol mais atrativo e ofensivo, muitas vezes com muita qualidade e outras de forma direta”, frisou.
João Manuel Pinto, de 48 anos, dividiu balneário de 1996 a 1998 com Sérgio Conceição, cujo “trabalho sério” lhe dá condições para “estar mais cinco anos” no cargo de treinador dos dragões, na perspetiva de “ir tranquilizando adeptos, direção e a gestão do clube”.
“Dificilmente o FC Porto pode ter um técnico com o carisma, intensidade e personalidade dele. Não se pode esquecer que o clube atravessou momentos muito difíceis. A partir da entrada do Sérgio Conceição, fez alguma gestão e passou a ter uma coisa boa, que é extremamente importante para o futebol português: trabalhar com a formação”, reforçou.
O vencedor de quatro campeonatos, três Taças de Portugal e duas Supertaças assenta a “máquina de vitórias” dos nortenhos, que fixaram recentemente um recorde de 58 jogos sem perder na I Liga, num “grupo unido, que acredita até ao fim que é sempre possível”.
“O Pepe é um líder. Quando tens um líder com quase 40 anos que corre e se entrega ao jogo daquela forma, os outros só têm de fazer igual ou melhor. Estes jogadores dão uma lufada de ar fresco. Toda a gente continua no mesmo barco e ninguém salta. Acho que a chave do FC Porto é a liderança que existe num balneário blindado e é alimentada pelo treinador, ao injetar muita confiança e agressividade na abordagem aos lances”, ilustrou.
O FC Porto pode ser campeão nacional no sábado mesmo sem vencer o Benfica, desde que o Sporting não bata o Portimonense, mas João Manuel Pinto espera que haja “bom ambiente” no “clássico”, 11 anos após um episódio caricato em circunstâncias similares.
Em 3 de abril de 2011, os azuis e brancos, então comandados por André-Villas Boas, conquistaram o 25.º cetro a cinco jornadas do fim, ao derrotarem os encarnados (2-1), festejando num Estádio da Luz às escuras e com o sistema de rega do relvado ligado.
“Não vamos mudar os adeptos fanáticos, mas creio que as primeiras pessoas a mudar o futebol são os dirigentes. No dia em que isso suceder, se calhar esta mentalidade muda um pouco. Se o FC Porto for campeão, era fantástico que não se passasse nada disto e festejasse normalmente, desde que sem violência. Isto vai muito do ser humano e parte também dos jogadores, que várias vezes ajudam a criar estes climas quentes”, concluiu.
Fonte: OJogo