Andriy Senkiv, jornalista que acompanha a atualidade do Shakhtar, enumera os múltiplos desafios táticos que a equipa tem de ultrapassar, num contexto já naturalmente muito delicado.
O JOGO consultou Andriy Senkiv, jornalista ucraniano que acompanha de perto o Shakhtar Donetsk, adversário do FC Porto nesta terça-feira, na Liga dos Campeões. O diagnóstico traça vários problemas por contraponto à esperança na “genialidade” do médio Sudakov.
Ainda a adaptar-se a um novo treinador e a reforços que se integram lentamente, a equipa dos “mineiros” ainda tem de lidar com vários lesões que desfalcam o setor defensivo.
Mudança de treinador e início de época irregular: “Patrick van Leeuwen substituiu Jovicevich no comando técnico e não há motivos claros para isto, porque a equipa sagrou-se campeã da Ucrânia e, além disso, jogavam bem. A mudança foi um pouco estranha. Apesar da liderança no campeonato, houve vitórias à tangente e foi difícil para o Shakhtar criar oportunidades e manter o ritmo de jogo. Muitas vezes, na segunda parte, o Shakhtar simplesmente cai e mergulha num completo caos.”
Muitas dores de cabeça na defesa: “Um dos grandes problemas da equipa é a falta de consistência da defesa, porque em cada jogo os intervenientes mudam. Azarovi joga agora na esquerda e há problemas no centro da defesa. A principal dupla de centrais está indisponível por lesão, Bondar e Matvienko, enquanto o o Rakitsky fez apenas o primeiro jogo da época contra o Obolon [último fim-de-semana]. Além disso, Chygrynskyi também está a contas com uma lesão. Portanto, contra o FC Porto, a dupla será composta por Rakitsky e Lemkin, que farão parceria apenas pela segunda vez esta época.”
Reforços em lume brando: “O segundo grande problema é criar oportunidades de golo, o que é simples de entender desde logo porque o principal avançado, Traoré, está lesionado. É difícil sem ele. Sikan é um jogador muito mais versátil, mas não tem um bom aproveitamento das chances de golo. Kelsey é jovem e alguém que surge muitas vezes como suplente utilizado, ainda que com efeitos práticos. Por outro lado, há que perceber que chegaram muitos jogadores no verão e nenhum deles se integrou ao ponto de poder ser considerado um líder, à exceção de Azarovi, o lateral-esquerdo.”
A esperança no talento de Sudakov: “Nos corredores, há Zubkov, muito possante mas sem a delicadeza de um efetivo jogador de futebol. Kashchuk é talentoso, mas ainda não é experiente. Sudakov, médio ofensivo, acabou de regressar de lesão e os jogos pela seleção ucraniana contra Inglaterra e Itália foram os primeiros dele esta temporada. A estrutura do ataque do Shakhtar vai depender da forma dele, é a figura número 1 da equipa.”
Equipas em patamares muito diferentes: “Neste momento, o Shakhtar é uma equipa crua que ainda está a ser construída, há muitas complexidades, desde jogadores lesionados a outros ainda pouco integrados. A equipa está a ser construída em andamento. Mesmo tendo em conta que o FC Porto perdeu dois jogadores na última jornada e que transferiu Otávio no verão, é uma equipa num estágio de desenvolvimento diferente em relação ao Shakhtar. Por isso, creio que o FC Porto não terá grandes problemas no jogo. A única esperança é a genialidade do Sudakov.”
Fonte: ojogo.pt