Entrevistado no podcast Final Cut, Paulo Araújo, mais conhecido como “Dr. Milagres”, abordou a recuperação de vários jogadores do FC Porto

Sobre Pepe: “”O Pepe é reservado na forma de estar, preservo isso na admiração que tenho por ele. O Pepe desde sempre cuidou-se muito. É um conselho que dou. Durmam, vão para casa descansar, tenham cuidado… Mas ele vem de outra geração, que não se cuidava. Na alimentação, o estar em família… E ele tem uma genética, conheço os pais dele. Tem uma genética muito forte, que lhe permite ter longevidade. E tem um espírito fora do normal. É um animal, um monstro e muito inteligente em campo. Sabe onde a bola vai parar, sabe antecipar e tem presença em campo fora do normal. É um atleta de excelência que se cuidou ao longo do tempo.”

O jogo com a Juventus: “Lembro-me de todos os casos. Há um episódio em Turim, no jogo contra a Juventus. Primeiro, foi o aparecer de surpresa. Ele tinha-se lesionado no jogo anterior no gémeo. Ligou-me, ainda no balneário. O FC Porto ligou-me antes da final da Supertaça quando o Uribe se lesionou. Aí disse que não recuperava mais sem ser oficialmente. O engenheiro ligou-me. Houve surpresa entre eles ao verem-me na última cadeira do avião. Depois foi engraçado, porque ainda não conhecia o Sérgio Conceição. Eles reservaram uma suíte grande para mim, para tratar o Pepe para o jogo. O míster disse que eu ia para Turim com eles. Falei com eles todos e disse: ‘Olha, eu volto na quarta-feira, são dois dias, vai atrasar um bocado, mas sem grande complicação.’ Um deles era o Quaresma, que disse: ‘Mestre, siga. O Pepinho merece. O nosso FC Porto precisa’.

O caso de Grujic: “Quando o Conceição me aparece com o staff, veio agradecer-me, apresentar a equipa técnica. E pediu-me um favor: ‘O Grujic fez uma entorse grave, vai ter quatro semanas de fora e eu trouxe-o para ver se você consegue fazer algo’. Eu respondi: ‘Você acha que só estou aqui com o Pepe?’ Abri a porta e estava tudo lá dentro. O Grujic veio também e jogou esse jogo. O Pepe está em cima da cama, eu a ver se ele sentia dor e o Pepe jogou 135 minutos. E ainda houve outra história com o Sérgio Oliveira. Disse-lhe: ‘Estou aqui a matar este tempo todo, lamento, mas depois deste trabalho todo vais ter de marcar dois golos.’ Ele respondeu: ‘Não sei mestre…’ Eu fiquei no hotel a ver o jogo, fui até à despedida do autocarro e a meio da viagem, o Sérgio liga-me. Eu disse-lhe que tinha pedido um golo à bomba e ele marcou aquele golo de livre. Uma coincidência engraçada, que terminou com o FC Porto a passar.”

A lesão de Marcano: “No ligamento cruzado, é uma lesão muito complexa. O tempo de regeneração do tendão é grande. Eu consigo acelerar o processo de cicatrização, mas existe um protocolo rígido por parte dos cirurgiões. Não arriscam colocar o atleta mais cedo para se protegerem e ao atleta. No caso dele já é a segunda. Teve um azar grande. É um atleta de excelência, fiquei assustado quando aconteceu, com ele e com o Evanilson. Infelizmente, confirmou-se. Vai ter sete meses, por aí… Se eu conseguiria trazê-lo mais cedo a jogo? Atendendo à idade, não é aconselhável ganhar 3 ou 4 semanas. Neste tipo de lesão não faria muita diferença. No tendão de Aquiles já seria diferente”

Sobre Pinto da Costa: “A relação com o senhor presidente é a de senhor presidente com toda a história que tem. A minha relação dentro do clube era com o míster Sérgio Conceição. Pelo presidente tenho enorme respeito, por tudo o que fez nestes 40 anos. É inigualável. Mas nunca tive relação próxima, pessoal, com ele. Nem tinha que ter, a minha função era com a equipa, respondia diretamente ao míster. Nunca houve essa proximidade. Acredito que tenha ficado satisfeito, mas não era a mim que tinha de manifestar. É um trabalho conjunto, do fisiologista, do Vítor Bruno, Dembelé, Eduardo Braga, outros elementos do departamento médico… Cumprimentei o presidente várias vezes, há respeito pela figura e admiração”.

Fonte: ojogo.pt