Que marcas é que a derrota no Estoril deixa? Perder com o último. “Andei dois dias com a cabeça baixa, a olhar para o símbolo, porque temos de olhar para o símbolo e perceber que clube representamos e a exigência que temos. Não só quem lidera, mas também todos os sócios, adeptos e simpatizantes. Olhar para o que não fizemos. São jogos que deixam mossa, a mim deixam-me mossa, sem dormir, com dificuldade em ficar bem disposto. Também não é difícil, mas deixa-me pior ainda. E transmito isso ao grupo. Mas lá está, são situações que vivemos no balneário e que vão atenuando com o passar das horas e com a preparação para o próximo jogo. Mas custa, não sabemos qual é o jogo decisivo para se perder o campeonato, que é o nosso principal objetivo. Jogando bem, muitíssimo bem, menos bem ou mal, não podemos perder pontos como aconteceu com o Estoril. Mas isso já é passado. Sem dúvida, temos de olhar para o jogo e não esquecê-lo, olhando como um exemplo para sermos mais fortes nos próximos jogos do que fomos contra o Estoril.”

Há alguma angústia relativamente à matéria-prima, com a quantidade de indisponíveis? Poderia ser melhor por comparaçáo aos adversários? Os treinadores querem ter os melhores jogadores do mundo, são eles que ganham jogos. Nós ajudamos no trajeto, mas eles é que vão lá para dentro e decidem. Eu já falei das vacas gordas, meias-gordas e magras, não precisamos de recuar muitos anos, até para a equipa que jogava no meu primeiro ano, para percebermos as diferentes equipas e jogadores que fomos perdendo. Mas não fomos só nós. A capacidade financeira do nosso campeonato não permite guardar os melhores jogadores, temos de nos reinventar ano após ano. O futuro dos clubes é a formação e tem de haver esse trabalho. Se defendo os meus jogadores e é com estes que vamos ganhar? Sem dúvida absolutamente nenhuma. Chateio-me porque acho que podemos dar sempre mais e não chegamos ao patamar que eu acho que podemos chegar. Se me perguntar se gostaria de ter mais três, quatro, cinco ou seis jogadores jogadores que estão nas melhores equipas da Europa? Claro, tal como gostariam outros treinadores. Mas isso para a nossa realidade é completamente impossível. Falei dos diferentes departamentos, não de um departamento. Não preciso de testemunhas, estou a dizer que a minha exigência aqui é diária com os departamentos que interferem diretamente com o futebol. Depois toda a gente diz ‘este rapaz é um aldrabão’. A minha exigência é grande e às vezes passa o limite da minha azia, mas já falei disso. Já falei de tratadores de relva, pessoas que fazem parte do restaurante, nutricionistas, podologista, optometrista. Enfim. Quando vejo algo que não está bem ou que nos estamos a desleixar um bocadinho do que tem de ser o trabalho de cada um, estou cá para isso. Sei que durmo pouco, tomo muita atenção às coisas. A todas elas.”

Fonte: ojogo.pt