De acordo com o relatório, o FC Porto tinha, a 30 de junho, 122 744 sócios, uma subida de quase oito mil em relação ao ano anterior. A maior diferença, curiosamente, prende-se com os sócios seniores – maiores de 18 anos – que são mais 7114 (81 789 no total). Destes, os que passaram a seniores até abril, de acordo com os atuais estatutos, poderão votar no próximo ato eleitoral. “Têm direito a um voto a partir do momento em que perfaçam um ano, ininterrupto, como associados Sénior”, pode ler-se no documento.

Refira-se que se a nova proposta estatutária, entretanto retirada, tivesse sido votada e aprovada, já não seria assim. “Só poderão votar os sócios com pelo menos dois anos ininterruptos de filiação sénior. Ou então terem dois anos ininterruptos intercalados, um na categoria sénior e outro na categoria júnior”.

Apesar deste aumento de sócios, o FC Porto perdeu quase 500 mil euros em quotas. Uma queda “explicada pelo facto de, no exercício 2021/2022, se ter realizado o processo de renumeração, que teve um impacto positivo nas receitas, uma vez que levou alguns associados a regularizarem as quotas de forma a manterem a sua antiguidade”, explica o clube.

“Convicto de que o clube é maior do que há um ano”

Mensagem de otimismo do presidente portista no relatório e contas que vai a votos no dia 29, com um prejuízo de 2,4 milhões de euros, ainda assim inferior ao de 2021/22. Ativos ascendem a 68 M€, enquanto o passivo baixou para os 35,5 M€. Maior parte desse valor diz respeito a contas a pagar a empresas do grupo. Previsão é de voltar ao equilíbrio em 23/24.

O FC Porto divulgou, ontem, o relatório e contas do clube relativo ao exercício de 2022/23, confirmando o resultado líquido negativo de 2,4 milhões de euros que O JOGO já tinha avançado na edição de ontem. Registou-se “um ligeiro desagravamento”, de 265 mil euros, em relação ao resultado do período homólogo anterior e há, ainda, a esperança por parte da direção do clube de que -se que o exercício de 2023/2024 tenha as “contas equilibradas”. Isto “sem descurar a capacidade de atuar ao mais alto nível em todas as modalidades”, pode ler-se no documento.

Apesar das contas negativas, na mensagem deixada aos sócios, Pinto da Costa garante que o FC Porto “é hoje maior do que há um ano”, baseando a sua afirmação, sobretudo, na prestação desportiva. “O sucesso da atividade do FC Porto enquanto clube mede-se em títulos. 2022/23 foi uma época marcada por um grande enriquecimento do nosso Museu, onde foram depositados inúmeros troféus nacionais e internacionais das mais diversas modalidades. No caso do futebol, que é o motor do FC Porto, não foi possível celebrar a conquista do campeonato  nacional, que era o principal objetivo, mas vencemos a Supertaça, a Taça da Liga e a Taça de Portugal”, recordou o líder dos dragões que não se esqueceu das restantes modalidades. “Fomos campeões da Europa de hóquei em patins, algo que desejávamos repetir há mais de 30 anos, e de bilhar às três tabelas, em mais uma magnífica prova organizada em nossa casa. Voltámos ainda a ser campeões nacionais de andebol, prolongando uma hegemonia que tem muitos anos, e de voleibol feminino, que é mais uma aposta ganha. E vencemos muitas outras competições, tanto nestas modalidades como no desporto adaptado e na natação”, enunciou. Por tudo isso, Pinto da Costa diz que os portistas podem “chegar a esta altura com a convicção de que o FC Porto é hoje um clube maior do que há um ano”. E terminou com um desejo. “Que possamos continuar a trilhar este caminho de sucesso é o que todos desejamos”. 

Voltando às contas, a direção portista vai propor aos sócios que aprovem a passagem do prejuízo de 2,4 M€ para o próximo exercício, enquanto que o Conselho Fiscal e Disciplinar, sugere que os sócios aprovem na AG o relatório que aponta para 68 milhões de euros o total dos ativos do clube e para um passivo de 35,5 M€, numa diminuição de 1,2 M€ em relação ao ano passado “principalmente devido à diminuição dos diferimentos, nomeadamente do contrato de exploração do ‘Museu FC Porto by BMG’”. De destacar que parte substancial deste passivo “refere-se a contas a pagar a empresas do Grupo, que ascende a 21,8 M€. 

Refira-se ainda que depois de dois exercícios a apresentar resultados consolidados positivos, o Grupo FC Porto fechou o exercício 2022/2023 com resultados negativos superiores a 48 milhões de euros, como se pode ver no relatório e contas consolidado, composto pela agregação dos resultados obtidos individualmente em cada uma das empresas. “É a FC Porto – Futebol, SAD que contribui de forma decisiva para os resultados apresentados [prejuízo de 47,6 M€]”, devendo-se “exclusivamente ao facto de a sociedade desportiva não ter efetuado vendas de direitos desportivos de jogadores por valores relevantes no período em análise”.

CURIOSIDADES

Serviços externos levaram 10 M€
O FC Porto desembolsou quase 10 milhões de euros em “gastos com fornecimentos e serviços externos” (9,57 M€). Basicamente, deve-se a “conservação e reparação das diversas infraestruturas a cargo do clube e despesas com deslocações e estadas, devido à participação das modalidades nas competições europeias”, refere o relatório.

Mais um milhão de custos com pessoal
Os custos com o pessoal, que incluem os salários dos atletas e equipas técnicas das várias modalidades, assim como das equipas médicas e staff de apoio, mas também os respetivos encargos com a segurança social, os custos suportados com seguros de acidentes de trabalho e gastos de ação social, sofreram um aumento de um milhão de euros (total de 7,4 M€) face ao exercício homólogo anterior, devido principalmente ao crescimento das remunerações de atletas e equipas técnicas.

Natação fez disparar receitas
As receitas desportivas incluem os proveitos obtidos com a exploração das escolas Dragon Force (andebol, basquetebol, bilhar, hóquei e natação), assim como as inscrições e mensalidades da natação, mas também os rendimentos da venda de bilhetes e lugares anuais no Dragão Arena. Subiram 323 mil euros para um total de 864 mil euros. Este aumento assenta “no crescimento admirável das receitas das inscrições e mensalidades da natação”.

Passivo do grupo baixou
No relatório e contas consolidado, que engloba todas as empresas, verifica-se que o passivo do grupo FC Porto é 499,2 M€, registando-se uma diminuição de 9,7 M€ em relação a 30 de junho de 2022. O documento refere ainda que, “apesar do acréscimo de 23,3 M€ no financiamento, verificou-se também uma diminuição do valor a pagar a fornecedores, em 10,2 M€.

Fonte: ojogo.pt